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Portugal ficou em 13.º lugar no indicador global de literacia financeira do inquérito à literacia financeira dos adultos promovido em 2023 pela International Network on Financial Education da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE/INFE). O inquérito foi realizado por 39 países, incluindo 20 membros da OCDE, e os resultados foram divulgados esta quinta-feira, 14 de dezembro.
Esta foi a terceira vez que Portugal participou no exercício de comparação internacional dinamizado pela OCDE/INFE. O Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa foi promovido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercados de Valores Mobiliários), no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira.
No indicador global de literacia financeira, Portugal obteve 63 pontos (em 100), um valor igual à média dos países da OCDE e acima da média dos países participantes (60 pontos). Este resultado de Portugal é semelhante ao obtido em 2020 (62 pontos).
O indicador global de literacia financeira da OCDE/INFE agrega três vertentes: conhecimentos, atitudes e comportamentos financeiros. Tal como em 2020, no exercício de 2023, Portugal tem resultados acima da média nas atitudes e nos comportamentos financeiros, mas mantém-se abaixo da média na vertente de conhecimentos financeiros.
A OCDE/INFE analisou também um conjunto de questões relevantes para medir a inclusão financeira, a literacia financeira digital e o bem-estar financeiro. Portugal surge acima da média na generalidade destes indicadores.
No indicador de conhecimentos financeiros, Portugal surge em 21.º lugar entre os 39 países analisados. O país obteve 61 pontos, abaixo da média da OCDE (67 pontos) e da totalidade dos países participantes (63 pontos). Cerca de 48% dos portugueses atingiram o que é considerado o objetivo de conhecimentos básicos, ao responderem corretamente a 5 das 7 questões colocadas, o que compara com 58% na OCDE e com 50% nos países participantes.
Ainda assim, estes resultados representam uma ligeira melhoria em relação a 2020, ano em que Portugal tinha obtido 57 pontos e 43% dos entrevistados tinham alcançado o objetivo de conhecimentos básicos.
Nas questões sobre conhecimentos financeiros, a generalidade dos entrevistados portugueses respondeu corretamente à questão sobre o valor de juros a pagar num empréstimo de 25 euros por um dia (93%) e sobre a relação entre inflação e custo de vida (91%), acima da média dos países participantes. Os resultados menos positivos foram na compreensão de juros simples e juros compostos (25%) e do conceito de diversificação de risco (47%), abaixo da média dos países participantes.
Portugal surge em 11.º lugar, entre os 39 países analisados, no indicador de comportamentos financeiros. O país obteve 66 pontos, acima da média da OCDE (62 pontos) e dos países participantes (61 pontos). Cerca de 62% dos portugueses atingiram o objetivo mínimo de comportamentos adequados (pelo menos, 6 em 9 comportamentos), o que compara com 52% nos países da OCDE e 51% nos países participantes.
Estes resultados estão em linha com os obtidos em 2020, quando Portugal totalizou 65 pontos e 61% dos entrevistados alcançaram o objetivo de comportamentos adequados.
Nas questões sobre comportamentos financeiros, a generalidade dos entrevistados revelou não pedir dinheiro emprestado quando confrontado com um problema pontual de rendimento insuficiente (97%) e pagar as contas a tempo (87%), percentagens significativamente acima da média dos países participantes. Os resultados que ficam mais abaixo da média dos países participantes estão relacionados com a definição de objetivos financeiros de longo prazo (38%) e com a proatividade na poupança (55%).
No indicador de atitudes financeiras, Portugal surge em 7.º lugar entre os 39 países analisados. O país obteve 63 pontos, acima da média dos países da OCDE (58 pontos) e dos países participantes (56 pontos). Este resultado está também em linha com os 65 pontos obtidos por Portugal em 2020.
Os resultados neste indicador decorrem, respetivamente, de 69% e 54% dos entrevistados portugueses terem discordado das afirmações “Vivo para o presente e não me preocupo com o futuro” e “Dá-me mais prazer gastar dinheiro do que poupar para o futuro”, percentagens significativamente acima da média dos países participantes.
Os resultados de inclusão financeira são bastante positivos no que toca à detenção de uma conta de depósito à ordem (97% dos entrevistados), significativamente acima dos países participantes (68%). Por outro lado, quase metade dos entrevistados tem produtos de poupança e investimento, produtos de crédito ou seguros (cerca de 45% detêm cada um destes tipos de produtos). A percentagem de entrevistados portugueses que tem seguros é superior à média dos países participantes, mas a detenção de produtos de poupança e investimento e de produtos de crédito está abaixo da média dos países participantes.
Entre os entrevistados portugueses com acesso à internet, os resultados de literacia financeira digital são relativamente positivos: Portugal ficou em 8º lugar (entre 27 países) com 62 pontos, acima da média dos países da OCDE (56 pontos) e da média dos 27 países (55 pontos). Nas questões de literacia financeira digital, quase todos os entrevistados referiram não partilhar com amigos passwords ou PINs associados à conta bancária e não partilhar online informação sobre as suas finanças pessoais (98% em ambos os casos), resultados que estão acima da média dos países participantes. Como resultado menos positivo nesta área, destaca-se que apenas 10% dos entrevistados afirmaram alterar regularmente as palavras-passe que utilizam em sites de compras online e de gestão das suas finanças pessoais, percentagem que está abaixo da média dos países participantes.
No indicador de bem-estar financeiro, Portugal ficou em 7.º lugar (entre 37 países), com 51 pontos, acima da média dos países da OCDE (47 pontos) e dos países participantes (42 pontos). Este indicador é apurado com base numa componente objetiva (a resiliência financeira) e outra componente de avaliação subjetiva, tendo o país ficado acima da média em ambas as componentes. Nos indicadores de resiliência, salienta-se que 82% de entrevistados portugueses referiram ter rendimento suficiente para cobrir as suas despesas nos últimos 12 meses, significativamente acima da média dos países participantes, ainda que, em contrapartida, 30% refiram que não sobra dinheiro ao fim do mês (abaixo da média dos países participantes). Na componente subjetiva, destaca-se que 79% dos entrevistados discordam da afirmação “Neste momento tenho demasiadas dívidas” (acima da média dos países participantes) e, como resultado menos positivo, 28% discordam da afirmação “Preocupa-me que o meu dinheiro não dure para sempre” (abaixo da média dos países participantes).
A International Network on Financial Education foi criada, em 2008, sob a égide da OCDE, para promover princípios e boas práticas de formação financeira.
A INFE funciona como plataforma de recolha de dados e informação sobre a literacia financeira, com vista à elaboração de relatórios analíticos e comparativos e ao desenvolvimento de investigação e instrumentos de política. Nesta rede, participam entidades reguladoras, bancos centrais, ministérios das finanças e agências de educação financeira de países membros e não membros da OCDE.
O Banco de Portugal, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e a Comissão do Mercados de Valores Mobiliários são membros da INFE.
OECD > OECD/INFE 2023 International Survey of Adult Financial Literacy