Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2014

O Banco de Portugal publica hoje o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho. O relatório apresenta a evolução em 2014 dos mercados dos depósitos a prazo simples, dos depósitos indexados e duais, do crédito à habitação e do crédito aos consumidores.

Evolução dos mercados bancários de retalho em 2014

Depósitos a prazo simples

1. Os depósitos a prazo simples comercializados em 2014 continuaram a ser quase exclusivamente a taxa de juro fixa.

2. A descida das taxas de remuneração foi acompanhada por um aumento da oferta de depósitos nos prazos mais curtos. Cerca de 85 por cento dos depósitos a taxa fixa comercializados tinha um prazo até um ano, inclusive, mais 2 pontos percentuais do que no ano anterior.

3. A descida das taxas de remuneração foi, em geral, mais pronunciada do que a redução verificada nas taxas de referência do mercado monetário interbancário. Apenas cerca de 7 por cento dos depósitos a prazo a taxa de juro fixa tinham uma taxa de remuneração superior a 2 por cento, o que compara com cerca de 30 por cento em 2013.

4. Cerca de 36 por cento dos depósitos comercializados continuaram a ser dirigidos a grupos específicos de clientes (e.g., emigrantes, jovens e seniores), a clientes com outros produtos ou serviços bancários na mesma instituição de crédito (i.e., vendas associadas) ou com uma finalidade específica (e.g., reforma, habitação e condomínio).

Depósitos indexados e duais

5. Os depósitos indexados e duais voltaram a ter um crescimento significativo em 2014, em termos de depósitos comercializados, clientes e montante aplicado.

6. Foram comercializados 214 depósitos (mais 65 do que em 2013), subscritos por 277 mil clientes (mais 63 por cento), que aplicaram cerca de 4460 milhões de euros (mais 80 por cento).

7. Foram comercializados pela primeira vez depósitos com prazos entre quatro e cinco anos.

8. A remuneração paga pelos depósitos indexados que se venceram em 2014 (116) foi em cerca de 46 por cento destes a taxa mínima prevista (11 por cento com remuneração nula) e em 24 por cento a taxa máxima indicada no respetivo prospeto informativo. Os restantes, cerca de 30 por cento, pagaram uma remuneração entre estes valores.

9. A remuneração paga em 57 dos 116 depósitos indexados vencidos foi superior à taxa de juro dos depósitos simples com igual prazo na mesma instituição de crédito, tendo sido inferior em 55 depósitos e igual nos restantes quatro.

Crédito à habitação

10. O montante de crédito à habitação concedido, em 2014, aumentou 15,3 por cento e o número de contratos celebrados 8 por cento, mantendo-se a recuperação iniciada no ano anterior.

11. O montante médio dos novos contratos aumentou para 82 136 euros (mais 6,8 por cento do que em 2013). O prazo médio dos novos contratos passou de 29,5 anos, em 2013, para 30,6 anos. A média dos spreads situou-se em torno dos 300 pontos base, um nível semelhante ao de
2013.

12. Acentuou-se o peso do crédito a taxa de juro variável. Cerca de 90 por cento dos contratos foram celebrados a taxa de juro variável, proporção que compara com 87 por cento em 2013. Destes contratos, cerca de 64 por cento estavam indexados à Euribor a seis meses e 31 por cento à Euribor a três meses.

13. Nos contratos renegociados, as condições mais alteradas incluíram a introdução ou alargamento de um período de carência de capital e o aumento do prazo do contrato, isoladamente ou em conjunto com outras condições. Estas alterações são frequentes na reestruturação de empréstimos visando a prevenção e gestão de situações de incumprimento. Dos contratos renegociados, cerca de 17 por cento estavam já em situação de incumprimento, uma percentagem idêntica à de 2013.

Crédito aos consumidores

14. Registou-se, em 2014, um novo aumento no montante de crédito concedido aos consumidores. Apesar da ligeira redução no número de contratos celebrados, o montante de crédito concedido cresceu 11,4 por cento, após os 14,8 por cento de aumento observado em 2013.

15. A evolução do crédito aos consumidores ficou a dever-se sobretudo ao crédito automóvel, que cresceu 33,2 por cento, seguido do crédito pessoal, com um aumento de 10,7 por cento. No crédito revolving verificou-se uma redução de 7,8 por cento.

16. O aumento do crédito automóvel é explicado sobretudo pelo financiamento da aquisição de veículos novos.

17. O peso relativo das instituições com atividade especializada no crédito aos consumidores passou de 40,7 por cento para 45,8 por cento, crescimento verificado em detrimento das instituições com atividade universal.

18. A descida do custo do crédito foi generalizada. No crédito revolving foi mais acentuada, tendo a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) média diminuído cerca de 3 pontos percentuais, face ao final de 2013. No crédito pessoal e no crédito automóvel, a redução foi de 0,9 e 0,6 pontos percentuais, respetivamente.


Lisboa, 8 de julho de 2015

Notícia