CNSF divulga resultados do 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa

O Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) divulga hoje os resultados do 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, conduzido em 2023 no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira. Esta iniciativa enquadra-se no exercício de comparação internacional dos níveis de literacia financeira dinamizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), através da International Network on Financial Education (INFE).

Na comparação internacional de 2023, Portugal ficou em 13.º lugar no indicador global de literacia financeira, entre os 39 países participantes, registando resultados acima da média neste indicador global e nas suas componentes de atitudes e comportamentos financeiros. Portugal surge também acima da média no indicador de bem-estar financeiro, ocupando a 7.ª posição, com 51,4 pontos, com resultados acima da média nas suas componentes de resiliência financeira e de avaliação subjetiva de bem-estar. Os resultados de Portugal assentam em hábitos relacionados com a gestão do orçamento familiar mais adequados e na capacidade de fazer face a choques financeiros, destacando-se os seguintes:

  • A grande maioria dos entrevistados paga as contas a tempo (85,9%), evita compras por impulso (85%), considera que não tem demasiadas dívidas (78,5%) e controla sistematicamente as suas finanças pessoais (76,9%);
  • A maioria dos entrevistados valoriza o futuro, discordando de que vive para o presente (68%) e de que tem mais prazer em gastar dinheiro do que em poupar para o futuro (52,6%); 
  • 67,6% dos inquiridos afirmam ter capacidade de pagar uma despesa inesperada de valor equivalente ao seu rendimento mensal sem ter de pedir dinheiro emprestado ou a ajuda de familiares ou amigos; 
  • 79,5% dos entrevistados referem ter rendimento suficiente para cobrir o seu custo de vida;
  • Metade dos inquiridos afirma que, se perdesse a principal fonte de rendimento, conseguiria pagar as suas despesas por um período superior a três meses.

Ainda assim, a percentagem de entrevistados que afirma ter poupado no último ano é menor do que em 2020, tendência que importa inverter para não comprometer os resultados alcançados na resiliência financeira das famílias.

O indicador global de literacia financeira médio em 2023, de 62,7 pontos, é muito semelhante ao de 2020, mesmo com a melhoria no indicador de conhecimentos financeiros, ainda que persistam importantes lacunas em questões relacionadas com o cálculo de juros simples e juros compostos, a diversificação de risco e o poder de compra.

Em contrapartida, verificou-se uma diminuição ligeira dos indicadores de atitudes financeiras e de comportamentos financeiros, evolução para a qual contribuiu a menor percentagem de entrevistados que referiu ter poupado no último ano.

A média do indicador de bem-estar financeiro em 2023, de 50,8 pontos, é superior ao de 2020 (41,9 pontos), o que resulta do aumento da resiliência a choques financeiros e da avaliação que os entrevistados fazem em relação à satisfação com a sua situação financeira.

A inclusão no sistema bancário aumentou, com 96% dos entrevistados a deterem uma conta de depósito à ordem. Os outros produtos mais detidos são os seguros (43,8%), os cartões de crédito (35%), os depósitos a prazo (34,2%) e o MBWay (33%). As fontes mais utilizadas para obter informação sobre produtos financeiros continuam a ser as recomendações da instituição e de familiares ou amigos. 

No novo indicador global de literacia financeira digital, calculado para os entrevistados com acesso à internet, Portugal surge no 8.º lugar, com uma pontuação de 61,7, acima de países como a Finlândia, a Grécia, os Países Baixos, a Itália ou a Suécia. Destacam-se os resultados acima da média na não partilha de palavras-passe (embora a alteração regular das palavras-passe e PIN esteja abaixo da média da OCDE) e outras informações pessoais, na importância atribuída à leitura das condições aplicáveis às compras online e à verificação da segurança do sítio de internet e no reconhecimento de que as criptoativos não têm o mesmo curso legal que as notas e moedas. Contudo, há ainda um longo caminho a percorrer na inclusão financeira digital, uma vez que cerca de um quarto da população adulta em Portugal não acede à internet.

A sustentabilidade é uma área em que os entrevistados revelam pouco conhecimento, com a maioria a afirmar que não sabe o suficiente sobre investimentos sustentáveis. Neste contexto, menos de metade dos entrevistados atribui menor importância ao lucro da empresa do que à preocupação da empresa com o seu impacto no ambiente ou na sociedade.

Os resultados do inquérito confirmam a relevância e atualidade das três linhas de orientação estratégica assumidas pelo Plano Nacional de Formação Financeira para o quinquénio de 2021-2025, nomeadamente, o reforço da resiliência financeira, a promoção da formação financeira digital e o contributo para a sustentabilidade. 

As entrevistas para o 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa foram realizadas porta-a-porta, em todo o território nacional. A amostra incluiu 1510 entrevistados, com 16 ou mais anos, e foi estratificada por critérios de género, idade, localização geográfica, situação laboral e nível de escolaridade.

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