Comunicado do Banco de Portugal sobre o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho 2015

O Banco de Portugal publica hoje o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho. O relatório apresenta a evolução dos mercados dos depósitos e do crédito em 2015.

Depósitos a prazo simples com taxas de remuneração mais baixas, prazos permaneceram curtos.

Em 2015, a oferta de depósitos a prazo simples foi menos diversificada do que no ano anterior, permanecendo um mercado quase exclusivamente de taxa fixa.

As taxas de remuneração praticadas diminuíram em todos os prazos. No final do ano, 86% dos depósitos a prazo comercializados ao público apresentavam uma taxa anual nominal bruta (TANB) igual ou inferior a 1% (59% em 2014). Cerca de 84% dos depósitos comercializados tinham prazos iguais ou inferiores a um ano (85% em 2014).

O peso dos depósitos simples com condições mais flexíveis de constituição e de mobilização antecipada aumentou em relação ao ano anterior. Aumentou a proporção de depósitos com um montante mínimo de constituição até 150 euros e a proporção de depósitos que permitiam a mobilização antecipada dos fundos.

Mercado dos depósitos indexados e duais manteve a trajetória de crescimento.

Em 2015, o mercado de depósitos indexados e duais continuou a crescer, tendo captado cerca de 5,5 mil milhões de euros, mais 24% do que no ano anterior. No final do ano, estavam aplicados neste tipo de depósitos 10,4 mil milhões de euros, mais 44% do que no ano anterior, o que representava 10% do montante total aplicado por clientes bancários particulares em depósitos a prazo.

Cerca de 42% dos depósitos indexados vencidos tiveram uma taxa de remuneração superior à taxa de juro dos depósitos a prazo simples na mesma instituição para o mesmo prazo (49 por cento em 2014). Dos depósitos indexados vencidos, 22% pagaram a remuneração máxima prevista no respetivo prospeto informativo (24% em 2014) e 51% pagaram a remuneração mínima (44% em 2014). A remuneração foi nula em 19% dos depósitos (11% em 2014).

Crédito à habitação registou uma forte recuperação.

No crédito à habitação, o número de novos contratos e o montante de crédito concedido aumentaram em 2015, respetivamente, 51% e 65% em relação a 2014. O montante médio dos novos contratos também aumentou (9,2%), bem como o prazo médio contratado.

Cerca de 89,5% dos contratos foram celebrados com taxa de juro variável (88,8% em 2014); a Euribor a seis meses continuou a ser o indexante mais utilizado (59,3% dos contratos). O spread médio dos contratos situou-se em 2,31 pontos percentuais, menos 0,67 pontos percentuais do que em 2014.

O número e o montante de reembolsos antecipados aumentaram, respetivamente, 1,8% e 31,5% em relação ao ano anterior. O número de renegociações de contratos decresceu 18,6%.

Crédito aos consumidores voltou a crescer, com destaque para o crédito automóvel.

O número e o montante de novos contratos de crédito aos consumidores cresceram em 2015, respetivamente, 7,8% e 23% em relação ao ano anterior, com destaque para o crédito automóvel, com um aumento de 40,9% no montante concedido (depois de um aumento de 33,2% em 2014).

O aumento do crédito concedido foi acompanhado pela redução do custo do crédito em todos os segmentos. A taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) média do mercado situou-se, no último trimestre de 2015, em 11,9%, menos 1,7 pontos percentuais do que no período homólogo de 2014, uma descida que foi mais acentuada no segmento do crédito revolving, onde se registou uma redução de 2,2 pontos percentuais.


Lisboa, 26 de julho de 2016

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