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A inflação afeta o orçamento das famílias de múltiplas formas. A inflação tem um impacto direto sobre as despesas e sobre o valor real dos rendimentos e das poupanças.
Uma inflação elevada leva o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar as taxas de juro oficiais, refletindo-se num aumento das taxas de juro praticadas pelos bancos e num agravamento do custo do crédito das famílias.
Num contexto de inflação, os bens e serviços ficam mais caros e o valor das despesas das famílias tende a aumentar. Para comprar o mesmo cabaz de bens e serviços, as famílias têm de gastar mais dinheiro.
Por outro lado, se os preços dos bens e serviços aumentam, com o mesmo rendimento as pessoas passam a comprar uma menor quantidade de bens e serviços. Ou seja, o valor real (poder de compra) dos rendimentos diminui.
Num contexto de inflação, se o aumento do rendimento das famílias for inferior à subida dos preços dos bens e serviços (inflação), haverá uma redução do seu rendimento real (poder de compra).
A inflação não é sentida da mesma forma por todos. O impacto da inflação no orçamento de uma determinada família depende do cabaz de bens e serviços que esta consome mensalmente e do agravamento dos preços registado nesses bens e serviços.
Num contexto de aumento das despesas e de quebra dos rendimentos reais, devido à inflação, é importante:
O aumento da inflação provoca um aumento das despesas e uma redução do valor real dos rendimentos, tornando mais difícil equilibrar o orçamento.
É importante rever o orçamento familiar e avaliar:
Na reavaliação das despesas do orçamento familiar, é importante ter presente a diferença entre:
Na reavaliação das despesas, é também importante ter presente que existem:
Também pode considerar reutilizar, recuperar ou partilhar produtos, o que, além de prolongar o respetivo ciclo de vida, permite evitar despesas. Estas e outras práticas de economia circular podem contribuir para melhorar o orçamento familiar e também para a sustentabilidade ambiental.
O não pagamento atempado de certas despesas, como as contas da água, eletricidade, gás e comunicações, pode levar a despesas adicionais resultantes de penalizações contratualmente previstas (incluindo juros de mora) e, em situações mais graves, ao corte no fornecimento destes serviços.
O atraso no pagamento das prestações do crédito também tem consequências: fica sujeito ao pagamento de juros de mora e comissões que acrescem à sua dívida, e a instituição de crédito pode iniciar uma ação judicial para a recuperação do crédito, que poderá conduzir à penhora dos seus rendimentos e à venda dos seus bens. Se tiver prestações do seu crédito em atraso, veja com a instituição como pode ultrapassar a situação e se já foi integrado no Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI).
Se acha que não vai conseguir pagar alguma conta, contacte a entidade fornecedora do serviço o mais cedo possível, de forma a que, em conjunto, possam encontrar uma solução. Alerte a sua instituição financeira caso esteja em risco de vir a incumprir o pagamento das prestações do crédito. Se o fizer, a instituição está obrigada a entregar-lhe um documento com os seus direitos e deveres e a indicar-lhe os contactos para receber as suas comunicações, no âmbito do Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI).
Num contexto de inflação elevada, é mais difícil equilibrar o orçamento e reservar parte do rendimento para a poupança.
Ainda que as famílias consigam manter o nível de poupança (nominal), o valor real dessa poupança diminui à medida que os preços aumentam. Ou seja, o mesmo montante que se poupou comprará menos bens e serviços no futuro.
Se a poupança estiver aplicada, por exemplo, num depósito a prazo, o aumento da inflação reduzirá o juro obtido, em termos reais, no final desse depósito.
Num contexto de inflação, é importante:
Se for possível, reveja o orçamento familiar para, pelo menos, manter o montante de poupança mensal.
Se for viável, aumente o montante da poupança em termos nominais, para manter o valor de poupança em termos reais.
Aplicar a poupança num produto financeiro é ainda mais importante num contexto de inflação, para que a remuneração obtida (por exemplo, juros de um depósito a prazo) mitigue a perda de valor real dos montantes poupados.
Para não perder valor, a poupança terá de ser aplicada a uma taxa de juro real positiva ou nula. A taxa de juro real corresponde à diferença entre a taxa de juro nominal e a taxa de inflação. Se a taxa de juro obtida na aplicação da poupança for inferior à taxa de inflação, a poupança perde valor em termos reais.
Quando há poupança disponível, deve ponderar utilizá-la para reembolsar empréstimos e, assim, diminuir os encargos com o crédito. Caso esteja a ponderar fazer esse reembolso, saiba que, até 31 de dezembro de 2023 está isento de pagar a comissão de reembolso antecipado parcial ou total nos contratos de crédito à habitação para aquisição ou construção de habitação própria permanente com taxa de juro variável.
Os períodos de inflação elevada são, em regra, acompanhados por aumentos nas taxas de juro e, consequentemente, por acréscimos no custo do crédito.
Um dos principais instrumentos utilizado pelo Banco Central Europeu para reduzir a inflação é o aumento das taxas de juro oficiais, e este aumento resulta na subida da Euribor, que é a taxa de referência para os empréstimos a taxa variável, como é o caso da maioria dos contratos de crédito à habitação.
Nos empréstimos a taxa variável, a taxa de juro resulta da soma do valor médio da Euribor (indexante) com um spread fixado no início do contrato. Quando aumenta o valor da Euribor, aumentam também as taxas de juro dos empréstimos a taxa variável e, por conseguinte, o valor das prestações a pagar por estes créditos.
Para as famílias com empréstimos a taxa variável (por exemplo, os empréstimos à habitação), o aumento das taxas de juro traduz-se numa subida de encargos no orçamento mensal. Se, neste contexto, a família não dispõe de poupança, ou não consegue reajustar o seu orçamento mensal, poderá correr o risco de falhar o pagamento dos seus empréstimos.
Num contexto de agravamento do custo do crédito, é importante:
Avalie a subida das taxas de juro nas prestações dos créditos e se pode continuar a pagar estas prestações ou se é necessário reajustar o orçamento mensal.
Nesta avaliação, tenha em conta os seus rendimentos presentes e futuros, os (outros) encargos do seu orçamento mensal e a poupança de que poderá dispor, em caso de necessidade.
Para avaliar o impacto da subida das taxas de juro nas prestações dos empréstimos, utilize o simulador do crédito à habitação ou o simulador do crédito aos consumidores disponíveis neste portal, ou peça uma simulação à sua instituição de crédito.
Num contexto de subida das taxas de juro, pondere se o recurso ao crédito é mesmo necessário.
As prestações de um novo crédito vão aumentar os custos fixos de todos os orçamentos mensais futuros até ao fim do prazo desse empréstimo, reduzindo a margem do orçamento para acomodar outras despesas.
Evite recorrer a novos créditos para pagar as prestações de créditos já existentes. Esta prática poderá trazer-lhe algum alívio financeiro, mas esse alívio será apenas momentâneo, uma vez que a sua dívida aumentará e os custos associados também.
Numa situação de risco de incumprimento, é importante:
Caso tenha dificuldades em pagar as prestações do seu crédito, informe de imediato a instituição junto da qual tem o crédito. As instituições estão obrigadas a avaliar, pelo menos mensalmente, a situação financeira dos clientes e podem contactá-los se detetarem indícios de risco de incumprimento.
Nesses casos, a instituição financeira está obrigada a implementar o plano de ação para o risco de incumprimento (PARI) e a entregar ao cliente um documento que o informe sobre os seus direitos e deveres.
A instituição deve avaliar a capacidade do cliente para pagar os seus empréstimos e, se verificar que este dispõe de meios para evitar o incumprimento, deve propor-lhe soluções de pagamento adequadas à sua situação financeira, objetivos e necessidades.
Caso tenha planos de poupança-reforma, de poupança-educação e de poupança-reforma/educação, saiba que os pode resgatar antecipadamente até 31 de dezembro de 2023.
Pode utilizar os fundos resgatados dos planos poupança ao abrigo desse regime transitório para pagar prestações de contratos de crédito à habitação própria e permanente.
Se já tiver prestações do seu crédito em atraso, veja com a instituição como pode ultrapassar a situação e se já foi integrado no procedimento extrajudicial de regularização de situações de incumprimento (PERSI).
O PERSI é um processo que permite que o cliente e a instituição de crédito negoceiem soluções para resolver a situação de incumprimento, evitando o recurso aos tribunais.
Quando é integrado em PERSI, o cliente tem direito a receber um documento que o informe dos seus direitos e deveres no âmbito desse procedimento.
A instituição de crédito deve avaliar a situação do cliente e propor-lhe, sempre que tal seja viável, soluções adequadas à atual capacidade financeira, objetivos e necessidades.
Durante a negociação, a lei dá ao cliente um conjunto de garantias. A instituição de crédito está impedida de resolver o contrato de crédito, de promover ações judiciais contra o cliente bancário para recuperação do crédito e de ceder o crédito a outras entidades.
Os clientes bancários em risco de incumprimento ou com prestações de crédito em atraso podem obter, gratuitamente, informação, aconselhamento e acompanhamento junto das entidades que integram a Rede de Apoio ao Cliente Bancário (RACE).
Site da EBA > Como é que a inflação e o aumento das taxas de juro afetam as minhas finanças pessoais?
Site da EBA > ESAs draw consumers’ attention to how rises in inflation and interest rates might affect their finances (apenas em inglês)
Inflação > O que é
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