INFE/OCDE divulga primeiros resultados de inquérito internacional à literacia financeira

A International Network on Financial Education (INFE) da OCDE divulgou hoje um relatório sobre tendências e desenvolvimentos recentes na Europa em matéria de formação financeira, no qual são também apresentados os resultados preliminares de um inquérito à literacia financeira realizado em 2015 em mais de 20 países, incluindo Portugal.  

No relatório agora divulgado, são apresentados os resultados para os 17 países europeus que participaram no estudo.

Nas questões relacionadas com conhecimentos financeiros, os resultados do inquérito para Portugal estão:

  • Acima da média dos países europeus no que respeita ao conhecimento dos conceitos de inflação e de diversificação de risco: 87 por cento mostram saber o que é a inflação (média de 79 por cento nos países europeus) e 73 por cento compreendem que a diversificação da carteira de ações quando investem no mercado de capitais contribui para a redução do risco (média de 63 por cento nos países europeus);
  • Em linha com a média dos países europeus na identificação dos juros de um empréstimo (87 por cento dos entrevistados em Portugal respondem corretamente), no cálculo de juros simples (61 por cento) e de juros compostos (30 por cento) e na identificação da relação entre remuneração e risco (82 por cento).

Os resultados para Portugal estão acima da média dos países europeus em 9 de 12 questões relacionadas com comportamentos financeiros. É de destacar que:

  • 72 por cento dos entrevistados em Portugal referem fazer um orçamento familiar (média de 63 por cento nos países europeus);
  • 82 por cento analisaram algum tipo de informação antes de contratarem um produto financeiro (média de 49 por cento nos países europeus);
  • 79 por cento afirmam controlar sistematicamente as suas finanças pessoais (média de 71 por cento nos países europeus).

Com resultados ainda ligeiramente acima da média nas questões sobre comportamentos financeiros estão o pagamento atempado de contas (81 por cento dos entrevistados em Portugal) e o facto de os inquiridos não indicarem a necessidade de recurso ao crédito para fazerem face às despesas quotidianas (84 por cento).

Os resultados para Portugal relacionados com a proatividade na aplicação da poupança (37 por cento) estão abaixo da média dos países europeus, devido à propensão para deixar o dinheiro na conta de depósitos à ordem.

Também ligeiramente abaixo da média dos países europeus surge o recurso a informação independente na escolha de produtos financeiros (6 por cento), revelando preferência pelo aconselhamento ao balcão, bem como a indicação de o rendimento não ter sido suficiente para cobrir o custo de vida nos últimos 12 meses (35 por cento).

Os resultados globais deste inquérito internacional realizado pela INFE deverão ser publicados em outubro.

Em Portugal, as questões da INFE foram incluídas num Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa mais abrangente que foi conduzido pelo Banco de Portugal, pela Comissão do Mercados de Valores Mobiliários e pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, no âmbito do Plano Nacional de Formação Financeira. Os resultados globais do estudo realizado em Portugal serão divulgados oportunamente.

INFE destaca trabalho dos supervisores em Portugal

O relatório descreve ainda as políticas e as iniciativas de formação financeira que têm sido adotadas pelos vários países europeus, evidenciando a sua importância para a inclusão financeira e para a regulação eficiente dos mercados financeiros.

A INFE destaca o trabalho dos supervisores financeiros em Portugal na implementação do Plano Nacional de Formação Financeira e, em particular, os princípios definidos para as iniciativas de formação financeira a enquadrar no Plano, o Portal Todos Contam, a plataforma de e-learning e a colaboração com o Ministério da Educação para a introdução da educação financeira nos currículos escolares.

Relatório foi apresentado numa conferência que contou com a presença de várias personalidades internacionais

O relatório da INFE foi divulgado na conferência “Resiliência financeira ao longo da vida”, organizada pela OCDE e pelo governo holandês e decorre hoje e amanhã em Amesterdão.

A sessão de abertura da conferência contou com a participação da Rainha Máxima da Holanda, do Secretário-Geral da OCDE, Angel Gurría, do Ministro das Finanças holandês e presidente do Eurogrupo e do Ecofin, Jeroen Dijsselbloem, e do presidente do Banco Central da Holanda, Klaas Knot, que realçaram a importância da promoção da literacia financeira e da implementação de estratégias nacionais de formação financeira.

Sobre a INFE

A International Network on Financial Education foi criada, em 2008, sob a égide da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para promover princípios e boas práticas de formação financeira.

A INFE funciona como plataforma para recolher dados sobre a literacia financeira, elaborar relatórios analíticos e comparativos e desenvolver investigação e instrumentos de política. Participam nesta rede entidades reguladoras, bancos centrais, ministérios das finanças e agências de educação financeira de países membros e não membros da OCDE.

O Banco de Portugal e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões são membros da INFE. O Banco de Portugal é membro fundador desta rede de literacia financeira, faz parte do Conselho Consultivo (Advisory Board), órgão que estabelece orientações estratégicas, e participa em vários grupos de trabalho especializados desta rede.

 

Lisboa, 20 de abril de 2016

Notícia